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Tensão escala entre o Camboja e a Tailândia

Os dois países têm um histórico de rivalidade e hostilidades secular e passam por tensões periódicas ao longo da fronteira terrestre

Isabel Alvarez

Publicado: 09/12/2025 às 15:44

Tensão fronteiriça entre Camboja e Tailândia/AFP Photo/Agence Kampuchea Press AKP

Tensão fronteiriça entre Camboja e Tailândia (AFP Photo/Agence Kampuchea Press AKP)

Nesta terça-feira (09), o ministro da Comunicação do Camboja, Neth Pheaktra, anunciou hoje que pelo menos oito civis morreram e cerca de 20 civis ficaram feridos durante os confrontos na fronteira com a Tailândia, que eclodiram no domingo e têm se intensificado.

Os combates entre as partes aumentaram em diversos pontos da fronteira de cerca de 820 quilômetros que os dois países partilham, enquanto os governos trocam acusações sobre quem iniciou os confrontos.

O Ministério da Defesa do Camboja confirmou hoje que os confrontos continuam em várias regiões do seu território. “O Camboja insta à resolução dos problemas de forma pacífica, com o objetivo de proteger a soberania e a estabilidade do território e a segurança do povo cambojano", diz o ministério num comunicado.

No entanto, o presidente do Senado cambojano, Hun Sen, prometeu que seu país irá se empenhar numa resposta militar às agressões tailandesas. “Uma estratégia de concentração nos locais onde a Tailândia está avançando permitirá ao Camboja enfraquecer e destruir as forças inimigas através de contra-ataques. O Camboja quer a paz, mas é forçado a reagir para defender o seu território", declarou Sem nas redes sociais

Em contrapartida, o primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, afirmou ontem que as operações militares serão realizadas conforme necessário para defender o país e proteger a segurança pública. "A Tailândia nunca desejou violência. Gostaria de reiterar que a Tailândia nunca iniciou uma luta ou invasão, mas nunca tolerará uma violação da sua soberania", garantiu.

Bangcoc comunicou no domingo a morte de um soldado por disparos provenientes do outro lado da fronteira, que deu como justificativa para acionar a sua força aérea e atacar várias infraestruturas militares e vias estratégicas de acesso ao longo dos mais de 800 quilômetros da fronteira conjunta.

O exército tailandês também anunciou hoje a morte de mais três soldados e sete feridos, denunciando ainda que as forças cambojanas dispararam artilharia contra uma aldeia na província de Sa Kaeo durante a madrugada. O país decidiu ainda que a marinha reforçará suas posições perto da fronteira com o Camboja.

Além disso, quase 440 mil pessoas precisaram ser retiradas de cinco, de um total de sete cidades que fazem fronteira com o Camboja. Foram montados abrigos temporários em quatro cidades, acomodando aproximadamente até o momento 125 mil refugiados das regiões de combate. "A situação na zona continua mergulhada em combates", disse o exercito da Tailândia, acrescentando que o Camboja destacou para perto da fronteira baterias de lança-foguetes.

A Tailândia e o Camboja têm um histórico de rivalidade e hostilidades secular e passam por tensões periódicas ao longo da fronteira terrestre.

Um cessar-fogo acordado para encerrar cinco dias de combates em julho foi mediado pela Malásia e imposto em outubro por pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou retirar privilégios comerciais às duas nações.

Em outubro, ambos os países assinaram um acordo de paz promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que usou as tarifas como trunfo para pressionar as duas partes a chegarem a uma solução.

Em julho, cinco dias de hostilidades entre a Tailândia e o Camboja causaram 43 mortes e provocaram a deslocação de cerca de 300 mil pessoas, antes de entrar em vigor o plano de paz.

Porém, a Tailândia suspendeu em novembro a implementação do acordo, alegando que uma explosão de uma mina terrestre recentemente colocada na área fronteiriça feriu quatro dos seus soldados.

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