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Alessandra Negrini encena monólogo "A Árvore" no Teatro do Parque

Peça é o primeiro solo de Alessandra Negrini no teatro

Por Allan Lopes

Foto: Priscila Prade/Divulgação
Alessandra Negrini estrela "A Árvore"

Em um mundo em que o ser humano e a natureza já não se reconhecem, Alessandra Negrini os reconcilia em A Árvore, seu primeiro monólogo. A peça, com texto de Silvia Gomez e direção de Ester Laccava, será mostrada no Teatro do Parque, sexta (16) e sábado (17). Nessa jornada cênica, o corpo da atriz se torna ponte entre civilização e floresta, convidando o público a ouvir o que a natureza ainda sussurra.

Alessandra interpreta uma mulher que, após ganhar uma pequena planta da sua vizinha, vê seu mundo virar de cabeça para baixo. Durante a limpeza de uma estante, um fio de cabelo a prende ao vegetal, iniciando um processo de metamorfose.

Sua forma humana vai cedendo espaço a outra lógica, que ainda não compreende. Em meio à transformação, ela narra a experiência para um interlocutor desconhecido, tentando racionalizar o que seu corpo já aceitou.

Produzida pela atriz e por Gabriel Fontes Paiva, a peça estreou virtualmente durante a pandemia, em 2021, quando o confinamento impunha a angústia de uma morte lenta e solitária — o exato oposto do que acontece com sua personagem, cuja solidão íntima se transforma em experiência coletiva. “A plateia vai sentir todas as emoções. Como ela mesma diz, é algo que passa pelas veias. A presença de vídeos intensifica essa vivência”, adianta Alessandra, em conversa exclusiva com o Viver.


Se a pandemia acabou, seu legado de distanciamento permanece, especialmente entre o homem e o verde que o cerca. Mas A Árvore subverte essa lógica. O texto chamou atenção da atriz paulista por costurar o que a sociedade insiste em separar. “Tratamos da insuficiência da vida civilizada e da solidão humana nesse contexto de afastamento do meio ambiente”, destaca.


A montagem se desdobra como uma narrativa íntima de amor e transmutação, mas, como os galhos de uma árvore, está ramificada em diversas camadas dramatúrgicas. “As angústias e as alegrias dessa viagem viram palavras e imagens potentes que ela mesma cria”, diz. “A ideia de se tornar uma árvore lhe parece bela e necessária”. Assim como a natureza é para a humanidade.