Chefe da política externa da UE diz que Rússia planeja agressão contra a Europa
Kaja Kallas afirmou que a Rússia representa uma ameaça direta para o bloco
Publicado: 18/06/2025 às 13:51

Chefe da política externa e diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas (Nicolas TUCAT / AFP)
A chefe da política externa e diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, alertou hoje que a Rússia representa uma ameaça direta para o bloco e as despesas maciças com a defesa mostram que Moscou tem um plano para uma agressão a longo prazo a UE.
Kallas afirmou ainda que o Kremlin viola o espaço aéreo do bloco europeu, ataca os seus oleodutos, cabos submarinos e redes elétricas, e recrutar criminosos para realizar sabotagens.
A UE e vários de seus membros acusam frequentemente a Rússia de conduzir campanhas de sabotagem e ciberataques no Ocidente, o que o governo russo veementemente sempre nega tais alegações.
“A Rússia já gasta mais em defesa do que os 27 países da UE juntos, e este ano Moscou vai investir mais em defesa do que os cuidados de saúde, educação e política social juntos. Este é um plano para uma agressão a longo prazo. Não se gasta tanto nas forças armadas se não se planeja utilizá-las. A Europa está sendo atacada e o nosso continente se encontra num mundo cada vez mais perigoso. Mas, o poder econômico coletivo da Europa é inigualável. Não creio que haja qualquer ameaça que não possamos ultrapassar, se agirmos em conjunto e com os nossos aliados da OTAN ", advertiu aos eurodeputados do Parlamento Europeu.
Na próxima cúpula da Organização do Atlântico Norte (OTAN), que acontecerá entre os dias 24 e 25 de junho, em Haia, será proposto pelos membros da aliança um objetivo global de despesas militares de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), acima do atual objetivo de 2%.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, também assegurou que a Rússia produz, em três meses, tantas armas e munições como os 32 membros da Aliança produzem num ano. Rutte considera que Moscou poderá estar em condições de lançar um ataque contra um aliado da Aliança Atlântica até ao final da década.
Na Europa cresce a preocupação de que a Rússia possa tentar testar a garantia de segurança do 5º Artigo da OTAN, que tem o compromisso de que um ataque a qualquer um dos aliados seria respondido com uma resposta coletiva de todos os 32 membros.
Com a administração Trump, a Europa está sob pressão crescente para se defender sozinha em questões de defesa e apoiar a Ucrânia sem a ajuda dos EUA. "Temos de fazer mais pela Ucrânia e também pela nossa própria segurança. Para citar o meu amigo Mark Rutte, se não ajudarmos mais a Ucrânia, devemos todos começar a aprender russo. Quanto mais forte for a Ucrânia no campo de batalha, mais forte será à mesa das negociações, quando a Rússia estiver finalmente disposta a dialogar", acrescentou Kallas aos deputados europeus.
Na semana passada, o chefe dos serviços secretos alemães, Bruno Kahl, alertou para a necessidade de não subestimar as intenções russas em relação ao Ocidente e à OTAN. "Estamos muito certos, e temos provas de inteligência para isso, de que a Ucrânia é apenas um passo no caminho para o Ocidente", indicou Kahl.

