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com Claudia Molinna

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A inteligência emocional do intestino

Há momentos em que o corpo reage antes de você perceber o que sente

Claudia Molinna

Publicado: 10/12/2025 às 09:18

Mulheres e negros ainda ganham menos em cargos de direção/Foto: Reprodução

Mulheres e negros ainda ganham menos em cargos de direção (Foto: Reprodução)

Há momentos em que o corpo reage antes de você perceber o que sente. É uma mensagem que chega e você congela, um compromisso importante que se aproxima e o estômago embrulha, ou um conflito emocional que aparece e o intestino prende ou solta de vez. Isso não é psicológico, mas fisiológico, porque o sistema digestivo responde diretamente ao estado emocional.


Dentro do intestino existe uma rede com cerca de cem milhões de neurônios, capaz de captar sinais emocionais com uma rapidez impressionante. Esse cérebro intestinal se comunica o tempo inteiro com o sistema nervoso central, por meio do nervo vago, de hormônios do estresse e de neurotransmissores como a serotonina. Por isso, qualquer mudança no humor afeta a digestão imediatamente.


Assim, quando a ansiedade aumenta, o intestino acelera, quando a mente está sobrecarregada, a sensibilidade abdominal aumenta e quando emoções são reprimidas, o corpo reage com dor, desconforto, distensão ou alteração do trânsito intestinal. É o corpo dizendo, de forma direta: “O que você não processa emocionalmente, eu preciso processar de outro jeito.”


Dessa forma, distúrbios como intestino irritável, dispepsia funcional e hipersensibilidade visceral não são frescura, mas sinais claros de desequilíbrio entre emoção, sistema nervoso e microbiota intestinal.
A boa notícia é que esse sistema pode ser regulado. Terapias mente-corpo reduzem a reatividade, mindfulness estabiliza as respostas emocionais e probióticos ajudam a equilibrar a microbiota. Sono adequado, manejo do estresse e hábitos consistentes também fortalecem o eixo cérebro–intestino.


Enfim, a via intestinal só faz o que sempre fez, ou seja, responde com honestidade, enquanto a mente tenta esconder o que sente. Portanto, o corpo fala antes mesmo da consciência, sendo o intestino, sua voz mais sincera.

A violência psicológica atinge 88% das mulheres no Brasil

A violência psicológica atinge 88% das mulheres no Brasil - Foto: Reprodução
A violência psicológica atinge 88% das mulheres no Brasil (crédito: Foto: Reprodução)

A violência psicológica é a forma de agressão mais presente e, paradoxalmente, a menos percebida. Segundo levantamento do DataSenado, 88% das mulheres brasileiras já foram vítimas desse tipo de violência, muitas vezes sem conseguir nomeá-la. Isso porque ela não deixa hematomas na pele, mas deixa marcas na mente.


Violência psicológica não começa com gritos. Começa com dúvida, medo e silêncio.


É o parceiro que diz: “Você está exagerando.” O colega de trabalho que desqualifica: “Isso é coisa da sua cabeça.” O familiar que controla: “Eu só quero o seu bem… por isso você não deve sair assim.” E mais: humilhações repetidas, quando o agressor ridiculariza a mulher diante de outras pessoas para quebrar sua autoestima; ameaças veladas, como dizer que “vai destruir a vida dela” caso ela tente sair da relação; controle absoluto, impedindo que ela trabalhe, faça amizades ou tenha qualquer autonomia; gaslighting, quando o homem distorce fatos, nega acontecimentos e faz a mulher duvidar da própria memória, sanidade e percepção da realidade; isolamento forçado, afastando-a da família, dos amigos ou da rede de apoio; vigilância constante, checando celular, conversas, deslocamentos, horários e redes sociais, transformando a rotina da mulher em um ambiente de medo; chantagens emocionais, nas quais o agressor diz que vai se machucar, se matar ou prejudicar alguém caso ela não faça o que ele quer; manipulação financeira, quando ele controla o dinheiro, esconde contas ou impede a mulher de acessar seus próprios recursos.


Essas frases e atitudes corroem a autoestima e restringem a liberdade. Uma mulher que antes tomava decisões com autonomia, passa a pedir permissão para tudo. Uma profissional segura perde a confiança nas próprias capacidade ou uma mãe, antes firme, começa a duvidar do que sente.


Há também a violência psicológica silenciosa: o tratamento frio, o desaparecimento repentino, a retirada de afeto como forma de punição. Uma mulher pode passar anos acreditando que é “difícil”, “sensível demais” ou “culpada”, quando, na verdade, está sendo manipulada emocionalmente.


Casos comuns ainda incluem: o parceiro que monitora mensagens; o chefe que usa ironia para intimidar; o amigo que humilha em tom de brincadeira; o pai que controla escolhas da filha adulta. Todos são exemplos de um padrão que desgasta, adoece e enfraquece.


Reconhecer é o primeiro passo.


Buscar apoio é o segundo.


E entender que não é exagero, mas violência, é o começo da libertação emocional de milhares de mulheres.

Mulheres e negros ainda ganham menos em cargos de direção

Mulheres e negros ainda ganham menos em cargos de direção - Foto: Reprodução
Mulheres e negros ainda ganham menos em cargos de direção (crédito: Foto: Reprodução)

Dados do IBGE revelam que a desigualdade salarial permanece profunda, mesmo entre profissionais que alcançam cargos de direção. Em média, trabalhadores brancos recebem rendimentos, significativamente, mais altos do que pessoas pretas ou pardas e a diferença ultrapassa três mil reais mensais, quando se observam posições de comando. Entre homens e mulheres, o cenário também é desigual, pois elas seguem recebendo menos, mesmo quando possuem o mesmo nível de escolaridade e desempenham funções equivalentes.


A soma desses fatores cria um duplo obstáculo para mulheres negras, que enfrentam tanto a disparidade de gênero quanto a de raça. O resultado é um acesso restrito às posições de maior influência, além de uma remuneração que não reflete o mérito nem a qualificação.


Os números mostram que a desigualdade não é acidental, mas estrutural. Ampliar a presença de mulheres e negros em espaços de liderança exige políticas reais de inclusão e compromisso institucional com equidade.

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