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Recordes de temperatura nos mares europeus

O Mar Mediterrâneo atingiu um recorde de 28,7°C em agosto de 2024, de acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Observatório Copernicus

Isabel Alvarez

Publicado: 19/08/2025 às 17:14

De acordo com um estudo publicado na revista Science, o aquecimento global se intensificará novamente assim que o calor subir para a superfície da água. Foto: AFP Frederic J. Brown/AFP Frederic J. Brown

De acordo com um estudo publicado na revista Science, o aquecimento global se intensificará novamente assim que o calor subir para a superfície da água. Foto: AFP Frederic J. Brown (AFP Frederic J. Brown)

O Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Observatório Copernicus apontou que o Mar Mediterrâneo atingiu um recorde de 28,7°C em agosto de 2024, ultrapassando o recorde anterior de 28,3°C estabelecido em julho de 2023.

No ano passado, a instituição informou que os mares da Europa atingiram a temperatura média anual à superfície mais elevada de que há registro (13,73°C), com o registro de máximos históricos no Atlântico Norte central, no Mediterrâneo, no Mar Negro, no Mar da Noruega e no Mar de Barents. Este valor é quase 0,7 °C acima da média e 0,06 °C mais quente do que o anterior recorde estabelecido em 2023.

As elevadas temperaturas dos mares europeus causam ondas de calor marítimas, também chamados de ‘incêndios submarinos’, que ameaçam a vida marinha e agravam fenômenos meteorológicos extremos. Desde o início dos registros em 1979, a temperatura dos mares da Europa vem crescendo e os últimos três anos foram significativamente mais quentes do que qualquer ano anterior de que há registro. Esta tendência de aquecimento a longo prazo estimula e acelera e o surgimento de chuvas torrenciais e tempestades intensas.

Estas temperaturas extremamente altas correspondem a ondas de calor marinhas, períodos de temperaturas do mar elevadas que podem durar semanas, meses ou mesmo anos. O fenômeno afeta os corais e acarreta o desaparecimento de espécies marítimas, assim como traz consequências socioeconômicas, uma vez que as ondas de calor marinhas atingem a pesca, a aquacultura e o turismo. Segundo o Centro Mediterrânico de Estudos Ambientais, as temperaturas da superfície do mar desempenham uma ação essencial na formação dos padrões meteorológicos, como as brisas marítimas durante os meses de verão e a ocorrência de precipitações torrenciais no outono.

Os especialistas indicam que em 2024 as águas quentes do Mediterrâneo e do Mar Negro em agosto podem ter aumentado a evaporação de grandes quantidades de umidade para a atmosfera e agravado inclusive a tempestade Boris, que provocou graves inundações na Europa Central e Oriental em setembro e na região espanhola de Valência em outubro.

Além disso, o mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que as consequências da mudança climática já afetam também profundamente a vida da população do Sudoeste da Ásia. Em 2024, 10% dos oceanos sofreram com ondas de calor e ciclones que afetaram milhões de pessoas na região, sobretudo nas populações dos arquipélogos do Pacífico, somado as erosões costeiras e inundações extremas que resultaram em graves danos. “Os ecossistemas e economias estão sendo prejudicados por conta da elevação do nível do mar, onde mais de metade das pessoas vivem próximo a costa. As áreas com maior aquecimento oceânico nos últimos 50 anos são o Mar da Tasmânia, o Mar de Salomão e a maioria das áreas ao redor dos Pequenos Estados Insulares do Pacífico”, afirma o documento.

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