Reportagem investigativa revela que 83% dos mortos em Gaza eram civis
Números foram obtidos pelas duas mídias ao conseguirem acesso a uma base de dados confidencial dos serviços secretos do Exército israelense
Publicado: 21/08/2025 às 17:33

Um jovem palestino lamenta a morte de um parente morto em um ataque israelense no bairro de Saftawi, a oeste de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 27 de maio de 2025. (Foto: BASHAR TALEB / AFP)
Uma investigação conjunta publicada nesta quinta-feira (21) pelo jornal britânico The Guardian e pela revista israelense +972 revelou que pelo menos 83% dos habitantes da Faixa de Gaza mortos até maio eram civis.
Estes números foram obtidos pelas duas mídias ao conseguirem acesso a uma base de dados confidencial dos serviços secretos do Exército israelense.
O governo de Israel sempre refutou publicamente os dados das autoridades sanitárias locais do enclave palestino, afirmando que os números eram superestimados.
Já a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou que Israel priva deliberadamente a população de Gaza de água, além da escassez de alimentos e medicamentos. O MSF instou o governo de Tel Aviv a permitir a importação em grande escala do equipamento que fornece e distribuiu água e destacou que as forças israelenses devem parar a destruição das infraestruturas de água que ainda restam e permitir a reparação dos sistemas de água que foram danificados assim como desbloquear as importações de artigos fundamentais para o tratamento. “A água e outros bens essenciais não devem ser usados como arma de guerra. Após quase um ano de destruição e restrições no acesso a infraestruturas essenciais de água, a quantidade de água disponível em Gaza é totalmente insuficiente", alertou.
Além disso, as equipes médicas e os trabalhadores de organizações humanitárias da Cidade de Gaza já receberam ordens para se deslocarem da região devido à ocupação militar e se dirigirem ao sul do enclave. O aviso começou a ser feito desde ontem pela COGAT, a autoridade militar israelense responsável pelos territórios palestinos, que emitiu ainda um comunicado que os hospitais no sul de Gaza devem ser adaptados para receber doentes e feridos, juntamente com um aumento na entrada de equipamento médico necessário, de acordo com os pedidos das organizações internacionais
Enquanto isso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje que ordenou o começo das negociações para libertar todos os reféns na Faixa de Gaza. "Dei instruções para iniciar imediatamente negociações para a libertação de todos os nossos reféns e para terminar a guerra em condições aceitáveis para Israel", afirmou o premiê no vídeo divulgado pelo seu gabinete.
Porém, Netanyahu não fez nenhuma referência à última proposta dos mediadores Estados Unidos, Egito e Catar que prevê uma trégua de 60 dias e a libertação em duas fases dos sequestrados, baseada num plano anterior do enviado especial norte-americano Steve Wilkoff e que foi validada na ocasião pelo gabinete de segurança do premiê. Esse plano já foi aceito pelo Hamas essa semana e os mediadores continuam aguardando agora a resposta formal do governo israelense.
Mas, no vídeo o primeiro-ministro reitera que derrotar o Hamas e libertar todos os nossos reféns são dois objetivos que andam de mãos dadas.

