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Política
ELEIÇÕES

Dosimetria impacta as estratégias da esquerda

Tema altera o tabuleiro político e pode influenciar os rumos da candidatura de Lula à reeleição em 2026, principalmente se houve uma reorganização da oposição

Mariana de Sousa

Publicado: 14/12/2025 às 22:00

Presidente se beneficia com Bolsonaro preso e retirada das sanções dos EUA a Moraes/ Ricardo Stuckert / PR

Presidente se beneficia com Bolsonaro preso e retirada das sanções dos EUA a Moraes ( Ricardo Stuckert / PR)

O avanço do projeto da Dosimetria no Congresso levanta questões de como a mudança pode influenciar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o campo progressista tanto nas eleições de 2026 quanto na atuação da gestão. Embora a proposta ainda precise passar no Senado e tenha possibilidade de ser vetada pelo Planalto, especialistas afirmam que o tema reorganiza o tabuleiro político e pressiona estratégias da esquerda.

Para o cientista político Fabio Andrade, a esquerda tem um desafio nesse momento, dependendo do Centrão e de projetos que sejam extremamente populares para serem aprovados.

“A esquerda tem alguma dificuldade de articulação, seja com o Centrão, seja com o presidente da Câmara. Em perspectivas para 2026, a esquerda tem boas chances, lidera as pesquisas com Lula, mas pode e vai ter muita dificuldade na disputa da Câmara, provavelmente resgatando candidatos muito envelhecidos e mais ainda no Senado”, analisa.

Já de acordo com o professor Gustavo Rocha, a aprovação na Câmara não altera de imediato o cenário eleitoral para Lula. O principal efeito pode estar na reorganização da oposição, segundo Rocha. “O que pode mudar é a direita conseguir definir seu candidato e começar a construir seu nome. Para Lula, quanto mais tempo isso demorar para acontecer, melhor.”

“Na prática, o que pode acontecer é Bolsonaro ir para prisão domiciliar e poder contribuir com as articulações de um candidato da direita. A narrativa de que Bolsonaro é um perseguido político pode se fortalecer”, afirma Rocha.

Para o presidente Lula, a situação atual lhe dá ganhos consolidados. “O fato de Bolsonaro estar preso após julgamento, os EUA terem retirado as sanções comerciais e da Lei Magnitsky, são vistas como uma grande vitória. E isso certamente contará a seu favor nas eleições”, avalia Rocha.

Rocha avalia também que o governo tende a se beneficiar de entregas e indicadores econômicos positivos. “A tendência, natural, é que com as entregas do governo, bons resultados econômicos e a falta de um nome consolidado do outro lado, que ele melhore nas pesquisas.”

O especialista ainda ressalta que a punição aos responsáveis pelo 8 de janeiro tem função simbólica e pedagógica. “O papel pedagógico dessa punição é diluído com essa redução. Passa a ideia de que a punição para tentativas de derrubar o estado democrático de direito é branda”, diz.

Impactos no Legislativo
Com a proximidade da disputa eleitoral e maior preocupação dos parlamentares com desgaste público, um ambiente mais tenso no Legislativo também é esperado segundo Rocha. “Provavelmente, a oposição vai se concentrar em atacar o governo em temas que consideram que há fragilidades, como segurança pública e a pauta de costumes”, explica.

O Senado pode trazer um cenário menos contrário à posição da esquerda, na análise de Rocha. “No Senado, o equilíbrio de forças é diferente da Câmara. Otto Alencar, que é do PSD da Bahia, sinalizou que não deve ter vida fácil na CCJ do Senado. Ainda que com a cooperação do presidente da Casa. Lá, as forças aliadas ao governo são menos propensas a fragmentação e traições”, destacou.

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