IBGE: Pernambuco está em 21º lugar em fornecimento de água e 11º em saneamento básico
Acesso à água tratada ainda não é universal no estado, especialmente nas áreas rurais, onde 39,7% dos lares dependem de fontes alternativas
Publicado: 23/08/2025 às 09:50

Dos cerca de 77 milhões de domicílios que o Brasil tinha em 2024, 29,5% não tinham ligação com rede geral de esgoto (Carolina Gonçalves/Agência Brasil)
Com 75,1% dos domicílios atendidos por rede geral de abastecimento, Pernambuco ocupa a 21ª colocação nacional em fornecimento de água e segue entre os estados com maiores fragilidades em saneamento básico. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira (22).
O estudo, referente a 2024, revela que o acesso à água tratada ainda não é universal no estado, especialmente nas áreas rurais, onde 39,7% dos lares dependem de fontes alternativas, como rios, açudes e caminhões-pipa. No ranking nacional, Pernambuco aparece atrás de 20 unidades da federação no quesito fornecimento de água, um dos indicadores mais críticos da pesquisa.
O esgotamento sanitário também preocupa. Apenas 51,4% dos domicílios pernambucanos possuem ligação à rede ou fossa séptica conectada à rede geral. Esse percentual coloca o estado na 11ª posição do país, empatado com Sergipe. No campo, a situação é ainda mais desafiadora: só 1,46% das moradias contam com escoamento adequado, enquanto 51,6% utilizam soluções precárias, como fossas rudimentares, valas ou lançamento em corpos d’água.
A coleta de lixo apresentou avanço nos últimos anos, mas ainda enfrenta desigualdades. Em 2024, 87,5% dos domicílios pernambucanos foram atendidos, sendo 82,8% por coleta direta e 4,8% por caçamba. Apesar do índice, que garante ao estado a 18ª colocação nacional, cerca de 10% das residências ainda queimam resíduos no próprio terreno, prática comum em áreas rurais, onde mais da metade das propriedades adota essa alternativa.
Para Fernanda Estelita, Gerente de Planejamento e Administração do IBGE em Pernambuco, os dados expõem desafios persistentes de infraestrutura e desigualdade territorial. “Os resultados mostram que, embora haja avanços na coleta de resíduos, o acesso a serviços essenciais como água e esgoto ainda é insuficiente, principalmente fora dos centros urbanos. Isso impacta diretamente a qualidade de vida e a saúde da população”, avalia.
O levantamento também aponta que o abastecimento de água via rede geral no estado manteve-se relativamente estável em relação a anos anteriores, mas distante da universalização. Em 2016, 90,2% dos domicílios urbanos tinham acesso; em 2024, esse índice recuou para 84,7%. Já na zona rural, o percentual caiu de 22,1% para 17,4% no mesmo período.
O Diario de Pernambuco entrou em contato com a Compesa, mas não obteve retorno.

