Marcélia Cartaxo, eterna 'Macabéa', recebe Troféu Oscarito em Gramado
Festival de Cinema de Gramado homenageia a atriz paraibana Marcélia Cartaxo com o Troféu Oscarito, uma das maiores honrarias do cinema do país
Publicado: 21/08/2025 às 06:00

(Foto: Edison Vara)
“Bravo, Macabéa!”, saudou a plateia entusiasmada do 53º Festival de Cinema de Gramado com uma das mais emocionantes homenagens da história recente do evento, um dos mais tradicionais do audiovisual brasileiro e que vem celebrando sua vida já há algum tempo. Vencedora de dois Kikitos de Melhor Atriz, primeiro por Pacarrete (2019) e depois por A Mãe (2022), Marcélia Cartaxo dessa vez foi convidada à Serra Gaúcha para receber uma das maiores honrarias do cinema nacional: o Troféu Oscarito (prêmio que recebe o nome de um dos maiores humoristas do país, célebre por sua parceria com Grande Otelo).
Paraibana natural de Cajazeiras, a atriz ficou conhecida por todo o Brasil quando interpretou a Macabéa de A Hora da Estrela, de Suzana Amaral e adaptado da obra de Clarice Lispector. Marcélia foi premiada com o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim, em 1986, por essa sua grande estreia e, de lá para cá, se transformou em um dos rostos mais expressivos da atuação no país. Ao longo de sua carreira na sétima arte, ela trabalhou com nomes como Roberto Pires, Ana Carolina, Sérgio Bianchi e Karim Aïnouz.
No cinema pernambucano, ela se destacou em parcerias premiadas com Cláudio Assis nos filmes Baixio das Bestas e Big Jato, vencendo por esse último o Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília em 2013. Em Lispectorante, dirigido por Renato Pinheiro e lançado este ano, ela viveu sua primeira oportunidade de explorar o romance e a sensualidade nas telas, com a Praça Maciel Pinheiro de cenário principal. No streaming e na televisão, ela se tornou destaque ainda em Cangaço Novo e Guerreiros do Sol.
Desafiando os padrões de beleza e os preconceitos contra suas origens, Marcélia foi em busca dos seus sonhos, resistiu às portas fechadas que encontrou e, assim, abriu várias outras para diversos atores e atrizes nordestinos que se inspiraram em sua história — que, vale lembrar, vai virar cinebiografia em A Garota da Paraíba, que será dirigido por Allan Deberton (de Pacarrete).
“Suzana Amaral transformou completamente a minha vida. Naquela época eu não tinha terminado o segundo grau e tinha que decidir entre estudar e ficar em Cajazeiras ou fazer o filme e hoje eu sei que não saberia fazer outra coisa”, destacou a atriz em conversa exclusiva com o Viver. “Atuar para mim tem sido uma resistência de muitos anos e eu jamais desisti desse desejo de ser eu mesma. Não sei fazer outra coisa”.
No dia de sua homenagem, a paraibana participou de uma coletiva de imprensa lotada e foi ovacionada diversas vezes pelo público, com destaques à repercussão nacional e internacional do seu trabalho. “Fiquei honrada com esse privilégio não só da homenagem, mas de ser reconhecida pelo meu trabalho por tantos críticos de cinema, jornalistas, diretores e atores. Revisitar minhas memórias e personagens tem sido um dos momentos mais bonitos da minha vida”. A hora da estrela Marcélia Cartaxo já chegou há muitos anos — e, agora também com o Oscarito, seguirá para sempre brilhando.

