° / °

Coluna

Diario Mulher

com Claudia Molinna

Coluna Diario Mulher

O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas

Os laços íntimos, antes construídos na lentidão da convivência, foram substituídos por relações funcionais

Claudia Molinna

Publicado: 01/07/2025 às 16:46

O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas/Freepik

O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas (Freepik)

Vivemos uma era em que os vínculos se tornaram rápidos e os afetos, superficiais. Os laços íntimos, antes construídos na lentidão da convivência, foram substituídos por relações funcionais, onde pessoas se conectam para resolver pendências, trocar favores ou combinar agendas, mas não para compartilhar emoções.


A hiperconexão digital alimenta a ilusão de proximidade. Mas quanto mais nos falamos por tela, menos nos olhamos nos olhos. Segundo a ONG BrainMind Society, o uso excessivo de redes sociais está associado ao aumento do vazio interior e ao empobrecimento da vida emocional. A organização alerta que, embora estejamos mais conectados do que nunca, muitos adultos relatam sentir que não têm com quem contar de verdade.


Um relatório da US Surgeon General feito 2023 revela que se sentir sozinho, com frequência, pode ser tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. A solidão crônica já é reconhecida como uma crise de saúde pública global e afeta, intensamente, a vida adulta.


O novo normal dos afetos é feito de check-ins automáticos e respostas secas: “Está tudo bem?”, “Tá sim” e termina o diálogo. Em contrapartida, laços profundos exigem tempo, escuta e vulnerabilidade, três recursos cada vez mais escassos. O resultado é uma epidemia de solidão disfarçada, ou seja, relações que funcionam, mas não tocam; conexões que preenchem agendas, mas esvaziam o coração.


Assim, na superfície da nova era das amizades, tudo parece normal, mas fundo, fica faltando. Portanto, é tempo de resgatar a lentidão do afeto verdadeiro, de dizer com coragem: “sinto falta de ser presença, não só conveniência”, antes que a vida nos transforme em adultos corretos, mas afetivamente vazios.

 

O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas - Freepik
O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas (crédito: Freepik)

Família in vitro: Código Civil reconhece a barriga solidária

O novo Código Civil brasileiro reconhece, pela primeira vez, a barriga solidária e atualiza as normas sobre reprodução assistida. A lei se aproxima da realidade, pois famílias estão sendo formadas por amor e escolha e não apenas por biologia.


Gestar para outra mulher, especialmente entre parentes ou amigas, deixa de ser um terreno jurídico nebuloso e passa a ser um direito claro. O registro dos filhos também será facilitado para casais homoafetivos e mulheres, que optam pela maternidade independente.


Em vez de enxergar a gestação por substituição como um risco, o novo texto a reconhece como um gesto ético de solidariedade. O foco sai do controle e vai para a proteção dos vínculos que já existem.

O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas - Freepik
O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas (crédito: Freepik)

Nova regra federal reserva vagas públicas para vítimas de violência doméstica

O Decreto nº 12.516, de 17 de junho de 2025, determina que empresas contratadas pela administração pública federal devem reservar no mínimo 8% das vagas de trabalho para mulheres vítimas de violência doméstica. A medida, que altera o Decreto nº 11.430/2023, é simples, mas profundamente simbólica, pois oferece uma chance concreta de recomeço a quem precisa romper o ciclo da dor com dignidade.


Muitas mulheres retornam ao agressor por falta de renda. Outras suportam em silêncio, sem condições de pagar pela própria liberdade. Quando o emprego entra na equação, a lógica muda e a renda se transforma em autonomia.


O decreto avança ainda mais, ao dar prioridade às mulheres negras e dispensar comprovações formais, que possam expor as vítimas. Além disso, permite que empresas com práticas de equidade de gênero e raça tenham vantagem, em caso de empate nas licitações públicas.


O desafio agora é garantir que essa política funcione na prática. É preciso transparência na contratação, fiscalização ativa e combate ao preconceito que, muitas vezes, se esconde nos bastidores.

O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas
O colapso dos afetos: por que as relações adultas estão tão rasas
Mais de Diario Mulher