° / °

Economia
TAXAÇÃO

Café, carne e suco de laranja saem do tarifaço sobre produtos brasileiros

Mesmo com 694 produtos fora da lista, tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros entra em vigor em 6 de agosto; principais produtos de PE seguem na mira e governo cria linha de crédito

Thatiany Lucena

Publicado: 30/07/2025 às 23:49

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), cerca de 2,5 mil contêineres estão parados, somente de manga, são 36,8 mil toneladas, no Sertão do São Francisco/Foto: Marcello Casal Jr

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), cerca de 2,5 mil contêineres estão parados, somente de manga, são 36,8 mil toneladas, no Sertão do São Francisco (Foto: Marcello Casal Jr)

O presidente Donald Trump assinou ontem o decreto que confirma a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros para o dia 6 de agosto. Além de adiar em uma semana o início da medida no país, o documento deixa de fora uma lista de produtos, que em sua maioria, não são cultivados ou produzidos nos EUA, como café, carne e suco de laranja.

O economista Sandro Prado explica que os produtos que terão sobretaxa são produzidos nos Estados Unidos e que há uma dependência de compra muito grande do país norte-americano. “Principalmente os produtos alimentícios que algumas empresas norte-americanas exploram no Brasil e vendem para as suas matrizes nos Estados Unidos, como é o caso aqui de PE, da Alcoa, que produz o alumínio e esse alumínio é vendido para a Alcoa norte-americana”.

O recuo da medida é uma vitória para o país, já que uma lista de quase 700 produtos ficarão de fora da alíquota. “Lembrando que 10% já era uma taxa que ele iria colocar. Então, o Brasil estava ‘feliz’ por estar só com 10%, já que outros países tinham sido sobretaxados com taxas maiores. Como já era de se esperar, embora algumas pessoas não acreditassem, Trump deu uma cartada estratégica e o Brasil não se intimidou, não abriu mão de espaços nessa negociação”. Segundo Prado, o recuo já era esperado, porque a inflação norte-americana não está “uma das melhores”.

Essa medida traz um certo alívio à economia brasileira e a vários setores econômicos. Ele aponta que a expectativa agora é que essa lista de produtos fora de tarifa possa aumentar e que sejam realizados estudos para analisar como que o governo brasileiro pode ajudar a mitigar os prejuízos aos que ainda sofrerão com o tarifaço.

LINHA DE CRÉDITO

Além de adiar a tarifa de 50% aos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, o decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, traz uma lista de produtos que ficarão de fora dessa alíquota. Contudo, produções de destaque em Pernambuco, como a cana-de-açúcar, e na região do Vale do São Francisco (manga e uva) ficaram de fora da lista.

Para amenizar impactos, o governo do estado planeja uma linha de crédito para auxiliar os produtores afetados. A medida, em análise pelo Governo de Pernambuco e também em outros estados do Nordeste, foi confirmada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Guilherme Cavalcanti.

“Todos os estados do Nordeste, em conjunto, têm trabalhado linhas específicas. Eles seguem uma linha de socorro à renda. Significa tratar essa quebra de exportação como se fosse um entressafra e a gente ter algum mecanismo de socorro à população que pode estar desempregada em função disso. É pelo Nordeste, e a criação de linhas específicas, aqueles estados como é o caso de Pernambuco, que dispõem de agências de fomento, estamos criando linhas específicas de socorro a esses portadores com valores que ficam acessíveis de forma mais ágil e a juros subsidiados”, disse.

Segundo o secretário, em paralelo a isso, o governo está principalmente pressionando o governo federal na tentativa de tentar excluir os setores que estão mais expostos aos impactos do tarifaço. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), existem 2,5 mil contêineres parados com 36,8 mil toneladas de manga no Sertão do São Francisco.

Mais de Economia