Mortos em Gaza ultrapassam os 57 mil
Somente nas últimas 24 horas, ataques israelenses causaram a morte de 142 pessoas e feriram cerca de 500
Publicado: 02/07/2025 às 16:54

Menina caminha sobre os destroços enquanto palestinos verificam o local de um ataque israelense durante a noite, em Jabalia, no centro da Faixa de Gaza (Bashar TALEB/AFP)
O número de mortos na Faixa de Gaza passou de 57 mil palestinos e somente nas últimas 24 horas, ataques israelenses causaram a morte de 142 pessoas e feriram cerca de 500. Além destas ofensivas, outros 223 corpos foram identificados e incluídos na relação de mortos. O número total de vítimas mortais chegou agora a 57.012, de acordo com as autoridades do enclave.
No entanto, as autoridades da Defesa Civil palestina estimam que milhares de pessoas continuem presas sob os escombros devido aos consecutivos bombardeios e devido à falta de equipamento das equipes de salvamento para a retirada, assim como muitos corpos permanecerem em zonas de combate. Também centenas de palestinos foram mortos em pontos de ajuda humanitária, com as Nações Unidas a condenar a Fundação Humanitária de Gaza (FHG), uma organização privada que conta com o apoio dos Estados Unidos e é autorizada por Israel para a distribuição de alimentos, mas que funciona à margem da ONU.
Na segunda-feira, um homem morreu por desnutrição, elevando para 67 o número de mortos pela falta de comida causada pelo bloqueio israelense à ajuda humanitária. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que desde o início deste ano, uma média de 112 crianças de Gaza foram internadas por desnutrição aguda e só este ano, 18.809 crianças com menos de 5 anos foram internadas para receber tratamento, sendo 2.500 delas em casos graves.
Enquanto isso, a Suíça deverá dissolver a sucursal de Genebra da Fundação Humanitária de Gaza por a organização não ter qualquer representante ou endereço no país, admitiram hoje as autoridades suíças.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacou ainda hoje que pela primeira vez há um relatório oficial da União Europeia constatando a violação dos direitos humanos em Gaza e o Conselho Europeu mandatou o Conselho da UE para tirar as conclusões adequadas desses fatos em relação ao acordo de associação com Israel. “Se vamos aplicar sanções aos ministros, se vamos aplicar sanções a Israel, se vamos suspender o acordo, se vamos simplesmente convocar o conselho da associação UE-Israel, eu não me vou antecipar àquilo que é o debate próprio que cabe aos ministros das Relações Exteriores irão fazer”, disse Costa.
Já o mais recente documento de Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a situação dos Direitos Humanos na Palestina, concluiu que o "genocídio" de Israel em Gaza está sendo "lucrativo" para muitas multinacionais de setores como tecnologia, bancos e armas. O relatório cita mais de 60 empresas, incluindo grandes fabricantes de armas e tecnologia, como Microsoft, Alphabet Inc, e Amazon, pelo apoio oferecido à instalação de assentamentos judeus e às operações militares em Gaza. Estas ações são referidas como parte de uma campanha genocida e a relatora pede que as empresas interrompam as relações comerciais com Israel e que os dirigentes das mesmas sejam responsabilizados por violações do Direito Internacional. “Enquanto líderes políticos e governos se esquivam das suas obrigações, muitas entidades corporativas lucraram com a economia israelense de ocupação ilegal, apartheid e, agora, genocídio. A cumplicidade exposta pelo relatório é apenas a ponta do iceberg”, denuncia o documento.
Albanese ressalta a urgência em exigir responsabilidades porque a autodeterminação e a própria existência de um povo estão em jogo. O relatório foi elaborado com base em mais de 200 contribuições de Estados, defensores de Direitos Humanos e acadêmicos.
Em contrapartida, os Estados Unidos pediram ao secretário-geral da ONU que exonere a diplomata italiana Francesca Albanese do cargo de relatora especial para a situação dos direitos humanos na Palestina, alegando má conduta. Washington considerou ainda que as alegações de Albanese de que Israel comete genocídio em Gaza e cria um sistema de 'apartheid' são falsas e ofensivas.

