Papa Leão 14 promete continuar legado de inclusão de pessoas LGBTQIAPN+
A posição de Leão 14 sobre os católicos LGBTQIAPN+ foi questionada logo após o conclave
Publicado: 01/09/2025 às 17:13

Papa Leão 14 (ANDREAS SOLARO/AFP)
O Papa Leão 14 disse hoje que pretende uma maior inclusão das pessoas LGBTQIAPN+ na Igreja Católica, e que dará continuidade a posição do seu antecessor Francisco, declarou o jesuíta James Martin, um dos mais proeminentes defensores da inclusão de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênico e Queer.
"Ouvi do Papa Leão a mesma mensagem que ouvi do Papa Francisco, que é o desejo de acolher todas as pessoas, incluindo as pessoas LGBTQIAPN+. Foi maravilhoso. Foi muito consolador e muito encorajador. Ele também quis lembrar às pessoas que esta é uma Igreja para todos", afirmou Martin, citando a emblemática frase de Francisco sobre como a Igreja está aberta a todas as pessoas.
As declarações de Martin se deram após a reunião com o pontífice, uma audiência que foi oficialmente anunciada pelo Vaticano, e que acontece poucos dias antes de uma peregrinação do Ano Santo a sede da Santa Sé por católicos LGBTQIAPN+. O jesuíta Martin ajudou a fundar a Outreach, uma organização que promove a aceitação LGBTQIAPN+, e que irá participar da peregrinação. No entanto, a romaria não é patrocinada pelo Vaticano, mas por um grupo católico LGBTQIAPN+ italiano, entretanto figura no respectivo calendário do Ano Santo.
“A peregrinação e a audiência enviam um sinal que é consistente com o ensinamento da Igreja de que Jesus estende a mão às pessoas marginalizadas. A mensagem que recebi foi a de que se as pessoas estavam felizes com a abordagem do Papa Francisco aos católicos LGBTQIAPN+, elas ficarão felizes com a abordagem do Papa Leão. E pediu-me para continuar o que estou a fazer, o que foi muito encorajador", afirmou Martin.
Martin, além disso, adiantou que Leão lhe contou que tem como prioridade trabalhar pela paz e pela unidade, citando em particular os conflitos na Ucrânia, Faixa de Gaza e Myanmar.
O Papa Francisco se destacou como o Sumo Pontífice que mais atuou para tornar a Igreja um lugar mais acolhedor, inclusive para os católicos LGBTQIAPN+. Desde a famosa frase que proferiu em 2013 "Quem sou eu para julgar?", sobre um padre supostamente gay, até a decisão de permitir que os padres abençoassem casais do mesmo sexo e casais em "situação irregular", o que abrangeu os divorciados que voltaram a se casar. Francisco se diferenciou dos demais com mensagens de acolhimento e durante o seu papado de 12 anos (2013-2025) se reuniu também diversas vezes com James Martin e o nomeou Conselheiro do departamento de comunicação do Vaticano, bem como membro da reunião plurianual sobre o futuro da Igreja.
Mesmo assim, Francisco nunca mudou o ensinamento da Igreja Católica de que os atos homossexuais são "intrinsecamente desordenados".
Já a posição de Leão sobre os católicos LGBTQIAPN+ foi questionada logo após ter sido eleito em maio. Uma vez que surgiram comentários de 2012 em que o então sacerdote Robert Prevost criticava o "estilo de vida homossexual" e o papel da comunicação social na promoção da aceitação de relações entre pessoas do mesmo sexo, o que entrava em conflito com a doutrina católica. Mas, quando se tornou cardeal em 2023, a Catholic News Service perguntou a Prevost se tinha mudado de opinião, e este reconheceu o apelo de Francisco para uma igreja mais inclusiva.
“Francisco deixou muito claro que não quer que as pessoas sejam excluídas simplesmente com base nas escolhas que fazem, seja no estilo de vida, no trabalho, na forma de se vestir ou em qualquer outra coisa", respondeu na ocasião.
Prevost disse então que a doutrina não tinha mudado, mas a Igreja buscava ser mais acolhedora e mais aberta.
Martin, que conhece Prevost desde quando trabalharam juntos no sínodo sobre o futuro da Igreja, disse que não estava preocupado com as opiniões de Leão, porque sempre o considerou uma pessoa muito aberta, acolhedora e inclusiva. "Mas é maravilhoso ouvir esta continuação", indicou.

