"Não tenho fome nem lágrimas para chorar", diz pai de um dos 3 jovens mortos em Camaragibe
Pablo Henrique da Silva Oliveira, de 17 anos, e os amigos André Ricardo da Silva Albuquerque Filho, conhecido como Magrelo, de 17 anos, e Vitor Gabriel da Silva Mota, de 16 anos, foram mortos a tiros em uma casa
Publicado: 01/07/2025 às 11:23

IML do Recife - Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (Foto: Rafael Vieira/DP Foto)
“Estou sem conseguir comer. Não tenho nem fome e nem lágrimas para chorar”. A frase é do pai de Pablo Henrique da Silva Oliveira, de 17 anos, uma das vítimas do triplo homicídio registrado na noite de segunda (30), em Jardim Primavera, em Camaragibe, no Grande Recife.
O adolescente e os amigos André Ricardo da Silva Albuquerque Filho, conhecido como Magrelo, de 17 anos, e Vitor Gabriel da Silva Mota, de 16 anos, conhecido como Vitinho, foram mortos a tiros em uma casa.
Na manhã desta terça (1º), o pai de Pablo, que preferiu não ser identificado, esteve no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, na área central do Recife, para liberar o corpo do rapaz.
Em conversa com a equipe do Diario, o homem disse que ouviu informações sobre como teria sido praticado o crime.
Ele afirmou que apenas uma pessoa teria efetuado os disparos e fugido de moto.
O pai de Pablo contou, ainda, que recebeu um áudio do filho na noite de segunda, mas não conseguiu escutar, pois estava cansado do trabalho.
“Acordei com a minha família ligando para falar da morte do filho”, comentou.
A casa onde aconteceu o crime era alugada, na qual residiam Pablo e a mãe, que não estava no local no momento da ocorrência. Os rapazes estavam no local para se reunir com garotas, segundo relatos dos parentes.
O padrasto de Vitor Gabriel também esteve no IML. Ele, que não quis se identificar, relatou que o rapaz era barbeiro e teria saído de casa para cortar o cabelo de uma pessoa que estava na casa. Segundo o padrasto, Vitor não tinha nenhum envolvimento com drogas.
Justiça divina
O pai de André Ricardo Filho também esteve no IML para liberar o corpo. O auxiliar de serviços-gerais André Ricardo, de 40 anos, aceitou conceder entrevista ao Diario e disse que o filho estava envolvido com drogas.
O pai também afirmou que deu conselhos para ele se afastar "dessas amizades”.
“Eu não vou pedir justiça, porque, infelizmente, não foi falta de conselho. A justiça, só se for de Deus, porque do homem, eu não preciso pedir não. Isso que aconteceu não foi por falta de conselho meu, da minha atual esposa, da minha mãe, do meu pai”, declarou.
O auxiliar de serviços-gerais disse que, mesmo com os “conselhos”, o filho “não deu ouvidos a eles”.
“Infelizmente, a gente estava esperando isso acontecer, né? Só que não esperava que seria tão rápido assim”.
Sobre a possível motivação do triplo homicídio, André Ricardo acredita que pode ter relação com as drogas.
“Algumas pessoas da comunidade vieram me dizer que ele estava usando drogas. Mas quando a gente perguntava a ele, ele sempre negava”, observou.
O pai ainda afirmou que, nessas conversas, deixava bem claro o posicionamento da família. O auxiliar de serviços-gerais relatou o que disse ao filho, em um determinado momento.
“Graças a Deus, você está dizendo que não usa. Peça a Deus para que eu não pegue você com nada de suspeito, porque se eu pegar, eu prefiro bater em você do que o povo da rua".
Para o homem, o adolescente “estava no lugar errado”. O pai de Ricardo afirmou que os comentários da vizinhança é que foram escutados “um monte de disparo de armas de fogo”.
“Como eu trabalho, ele morava na casa dos meus pais, mas nunca chegou informações para mim ou para eles sobre qualquer tipo de ameaça."
O pai afirmou também que o filho começou a andar com amigos que pegavam carona no teto de ônibus. Na época, o auxiliar de serviços-gerais questionou a conduta do jovem.
“Peguei ele amorcegando nos ônibus e tive uma conversa séria com ele. O pessoal da comunidade estava muito revoltado. É complicado mesmo, pois a gente vem, vai trabalhar e, quando volta cansado, esses meninos ficam em cima do ônibus pulando."
O pai relatou a conversa: “Eu disse: ‘no dia que acontecer algum acidente, que Deus o livre, mas você desequilibrar do ônibus e acontecer alguma coisa grave e que você chegar a morrer, infelizmente, não vá pensar que eu vou pegar, vou pedir por justiça ou vou processar a empresa. Nem pense nisso”.
Sobre o que fazer, a partir de agora, o pai do rapaz assassinado afirmou: “Só quero enterrar meu filho e pedir a Deus que abençoe ele."

