Beto Lago: 'Presidente da CBF fala em mudanças no caótico calendário do futebol nacional'
O Presidente da CBF, Samir Xaud, realizou diversas entrevistas na última terça-feira (19), explicando sobre as possíveis mudanças no calendário do futebol brasileiro
Publicado: 20/08/2025 às 08:20

Presidente da CBF, Samir Xaud (Rafael Ribeiro/CBF)
Novo calendário
A primeira diferença entre Ednaldo Rodrigues e Samir Xaud já está clara: enquanto o ex-presidente da CBF parecia alheio à realidade dos clubes, o atual faz questão de mostrar que está disposto a dialogar. Ontem, Xaud passou o dia inteiro em entrevistas, vendendo a ideia de mudanças profundas no calendário do futebol brasileiro já a partir de 2026. Em menos de dois meses, pretende entregar a proposta final para clubes e federações. De cara, os campeonatos estaduais terão apenas 11 datas (nos estados com representantes nas Séries A e B). No caso de Pernambuco, o Estadual de 2026 contará com oito clubes, o que facilita a formatação de uma tabela mais enxuta. “O que já tínhamos tratado na CBF, teremos de enxugar, mas não encerrar”, disse Evandro Carvalho, presidente da FPF. A equação, porém, fica mais complexa quando se inclui a Copa do Nordeste. Existe uma tendência de eliminar a fase preliminar, o que abriria mais duas vagas para Bahia e Ceará, os estados melhores ranqueados. Para Pernambuco, sobra a lembrança de um passado de protagonismo, mas pouca força atual. O critério é mérito, não tradição. O ponto central, no entanto, é outro: a CBF precisa garantir um aporte financeiro mais robusto para os participantes e, quem sabe, estruturar uma segunda divisão da Copa do Nordeste a partir de 2027, ampliando oportunidades para os clubes da região.
Em relação aos Brasileiros, Xaud negou qualquer projeto para criar uma Série E, mas admitiu que pensa em mudanças nas Séries C e D. Talvez seja a hora de discutir algo maior: por que não ampliar as divisões? Uma Série B com 24 clubes, assim como a Série C, poderia dar mais fôlego ao calendário e reduzir o abismo entre as equipes. Já a Série D, nas primeiras fases, poderia priorizar confrontos regionais, diminuindo custos e garantindo mais jogos a clubes que, hoje, ficam parados após o Estadual.
Adequar calendário com as Copas
Outro desafio é harmonizar o calendário nacional com os grandes eventos internacionais. Em 2026, teremos a Copa do Mundo masculina, que impacta diretamente a Série A e outras competições do continente. No ano seguinte, o Brasil será sede da Copa do Mundo Feminina. E não há como conciliar: o País vai parar para acompanhar o torneio, e é fundamental que nenhuma divisão seja sacrificada com rodadas esvaziadas.
Ouvir os atletas
Xaud fala em aumentar a Copa do Brasil sem reduzir a premiação. Excelente, no discurso. Afinal, é a competição mais democrática e mais justa do calendário. Mas há um detalhe que ninguém pode ignorar: de nada adianta encher a agenda de partidas sem ouvir quem carrega o piano. O presidente da CBF é médico, especialista em medicina do esporte. Mais do que ninguém, ele sabe o impacto de uma maratona insana de jogos. Se optar por repetir o erro de seus antecessores, provará que a caneta fala mais alto do que o bisturi.

