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Coluna

Diario Econômico

Com Pedro Ivo Bernardes

Comércio Exterior

E agora Brasil, como ficam as exportações para os Estados Unidos?

Presidente dos Estados Unidos assinou decreto confirmando a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A exclusão de quase 700 itens aliviou o impacto, mas prejuízos ainda serão elevados, principalmente para o agronegócio

Pedro Ivo Bernardes

Publicado: 31/07/2025 às 05:00

Em Suape, houve uma movimentação de 4,1 milhões de toneladas de produtos destinados à exportação./Foto: Rafael Medeiros/Divulgação

Em Suape, houve uma movimentação de 4,1 milhões de toneladas de produtos destinados à exportação. (Foto: Rafael Medeiros/Divulgação)

Antes uma ameaça, a tarifa de 50% de Donald Trump tornou-se realidade. A exclusão de quase 700 itens - entre eles laranja, aviões e automóveis - trouxe alívio para muitas empresas brasileiras, é verdade, afinal quase metade das exportações brasileiras (43,4%) ficaram fora da alíquota adicional. Para outras, no entanto, a medida traz grandes danos. Um exemplo é a indústria sucroalcooleira do Nordeste, que mantinha um acordo com os Estados Unidos (EUA) desde os anos 1960. O acordo estabelecia uma cota fixa de exportação de açúcar para os EUA, com preços superiores aos vigentes no mercado internacional.

De acordo com o presidente do Sindaçúcar e da NovaBio, Renato Cunha, a medida terá rebatimentos na redução de preços para o próprio fornecedor de cana e para toda a cadeia do setor. Embora pequena em relação à produção do Nordeste, apenas 4%, a cota representava uma compra garantida, a preços vantajosos.

Ainda segundo Renato Cunha, o setor contava com alíquota zero nesta cota até abril deste ano, quando passou a ser taxado em 10% e agora passará a 50%, sem a questão comercial ter sido tratada entre as partes. No restante do país, outros segmentos da cadeia agropecuária, como café, carne, frutas e outras commodities agrícolas ficaram fora da lista de exceções no decreto assinado pelo presidente norte-americano.

CNA estima prejuízo milionário com tarifa
Na última semana, antes da confirmação do tarifaço dos Estados Unidos, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), havia estimado em R$ 5,8 bilhões o prejuízo para a cadeia nacional do agro. A entidade projetou também uma queda de 48% nos embarques de produtos agrícolas para o mercado norte-americano.

Commodities agrícolas em baixa no mundo
Piorando o cenário do agro, no mercado internacional, várias commodities fecharam a semana com os preços mais baixos do ano, a exemplo da carne (boi gordo), que na última terça-feira (29) era cotado a R$ 268,71 a arroba (15 kg) - valor mais baixo desde 15 de outubro de 2024. O mesmo acontece com o café, comercializado na mesma data por R$ 1.821,65 a saca, menor preço desde 19 de novembro, e com o milho, R$ 56,06 a saca, menor preço desde 24 de setembro.

Tarifa terá pesos diferentes entre estados
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta um prejuízo de R$ 19 bilhões para a indústria dos estados brasileiros, mas a distribuição desse impacto será desigual. Segundo o levantamento, em 11 estados, o mercado norte-americano tem uma participação entre 10% e 20% nas exportações. Estados como o Ceará (44,9%), o Espírito Santo (28,6%) e a Paraíba (21,6%), que são mais dependentes dos Estados Unidos, sentirão mais o impacto do tarifaço. Outros - como Pernambuco (9,4%), Rio Grande do Sul (8,4%), Bahia (7,4%) e Paraná (6,8%) - sentirão menos os efeitos das medidas em suas economias.

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